Heber Roberto Lopes. Quando se fala em arbitragem brasileira logo surge este nome. O árbitro é uma lenda do ofício no país. Aos 45 anos, ele tem um currículo de fazer inveja. São quatro finais de Copa do Brasil, mais de cem jogos Conmebol e FIFA, incluindo a final da última Copa América, e exatas 434 partidas pela CBF. Este último número é um recorde que dificilmente será quebrado.
Conhecido por ter um perfil estudioso, por sempre levantar as características de jogadores das equipes em que fará jogos, Heber terá mais um elemento de estudo: o Árbitro Assistente de Vídeo (VAR). Ao longo dos últimos cinco dias, o paranaense de Londrina fez o curso de capacitação da ferramenta da CBF no Eco Resort Oscar Inn, em Águas de Lindóia (SP), e compartilhou um pouco da experiência que adquiriu ao longo da carreira com os demais companheiros. Em entrevista ao site da CBF, Heber exaltou a chegada do VAR no futebol.
– É uma ferramenta que veio para ser o olho digital. O olho humano não consegue mais acompanhar. Tenho o auxílio tecnológico em outros setores e no futebol não pode ser diferente. Essa ferramenta veio para suprir as deficiências que a equipe de arbitragem comete. Aqueles erros mais claros, gigantes… A tecnologia será importante para que este tipo de problema seja sanado. A dinâmica da arbitragem continua. Essa ferramenta vem para agregar. Existe todo um procolo a seguir, não se pode ter interferência sempre, são quatro situações protocolares apenas – afirmou.
A arbitragem brasileira passa por um momento de transição no quadro. Como o mais experiente na função, Heber enxerga com bons olhos a mudança e faz elogios aos árbitros jovens que estão surgindo.
– Estamos passando por uma renovação do quadro, e isso é muito importante. Toda a renovação leva um período de adaptação. Estamos vendo com bons olhos todo o trabalho da comissão, que não vem medindo esforços para nos trazer novos procedimentos… Tudo isso é mais importante. É preciso também partir do árbitro um pouco mais de entrega em todas as situações. Vejo essa renovação com bons olhos, temos bons árbitros e tenho certeza de que a arbitragem brasileira não deixa a desejar a nenhuma arbitragem do mundo. Vem uma leva nova, com árbitros novos, e esperamos que esses jovens consigam absorver bem essas informações para colocá-las em prática – acrescentou.
Com uma experiência única traduzida pelos números citados anteriormente, Heber pode falar com autoridade sobre a arbitragem. Ao comentar o status e respeito adquiridos pelos árbitros e assistentes brasileiros na América do Sul e no resto do mundo, o paranaense aproveita para transmitir conselhos aos jovens que estão ingressando no ofício.
– Eu tive o prazer de atuar com grandes árbitros, renomados, que apitaram Mundial, Olimpíada… E a cada jogo que eu participava com esses árbitros eu tinha a preocupação de escutar. Cada um tinha a sua particularidade, mas o objetivo de todos era conquistar torneios importantes, jogos importantes, e o Campeonato Brasileiro, que é uma vitrine muito grande. Hoje, atuando pela CBF, esses árbitros tem de dar valor ao Campeonato Brasileiro. É através dele que se busca as competições internacionais. A arbitragem brasileira, não só aqui na América do Sul, como em qualquer lugar do mundo, quando você entra em campo e o sistema de som anuncia: ‘equipe de arbitragem, árbitro tal, Brasil’, você sente que a torcida recebe com bons olhos. Diria a esses árbitros (iniciantes) que estão em uma das confederações mais respeitadas do mundo, que se dedicassem, ouçam as pessoas mais velhas, e não deixem os pilares mais importantes de lado, físico, social, mental, técnico… Tudo isso. Quando forem solicitados para atuar em competições internacional, sejam recebidos de maneira natural. Diria a eles que se preparem nessas atividades para que quando o convite chegar estejam prontos – finalizou.
Integrante da segunda turma do curso de capacitação do Árbitro Assistente de Vídeo da CBF, Heber Roberto Lopes finalizou as aulas e recebeu o certificado de conclusão na última terça-feira (4). Durante a cerimônia, o árbitro teve a carreira exaltada pelos instrutores e foi homenageado pelos demais colegas, que ficaram de pé para aplaudi-lo.